Acredito que todos já receberão a informação de que só se deve levar a criança ao PS em caso de febre de 3 dias, e isso tem uma razão …
Uma febre é um alerta do corpo de que algo esta errado, e combater a febre antes mesmo de saber qual a sua causa (com exceção da febre da vacina), pode atrapalhar o diagnóstico e em geral uma virose ou infecção só vai se mostrar após uns 3 dias de febre, por isso, somos aconselhados a levar as crianças e nós mesmo ir ao PS após esse período para que os exames e avaliação do médico ocorra com mais precisão.
Peço que leiam esse artigo a baixo com muita atenção, pois é um ótimo artigo e espero que depois de ler todos fiquem mais tranquilos diante de uma febre!
A um tempo atrás li um artigo muito interessante, e como tenho recebido muitas mensagens de mãe desesperadas com a febre acho legal compartilhar com vcs.
Febre: não se desespere. Apenas aprenda a observar.
Quando a febre se manisfesta nas crianças os pais entram em alerta e a maioria opta por medicar seus filhos. Isso está correto?
Em março de 2011, foi publicado no Pediatrics, o Jornal Oficial da Academia Americana de Pediatria, um artigo chamado Febre e o uso de antipiréticos em crianças, que merece ser divulgado.
Nesse artigo, os autores explicam que a febre não é uma doença e sim um mecanismo fisiológico que tem efeitos positivos quando nosso organismo tenta combater uma infecção.
Ao contrário da preocupação dos pais, a febre, por si só, não agrava a doença e não determina a gravidade dessa doença, não causa agravações neurológicas a longo prazo e, baixar a temperatura tem mais a intenção da melhora do conforto geral da criança do que normalizar a temperatura do seu corpo.
Então febre serva para alguma coisa?
Aqui, acho que vale a pena transcrever na íntegra as palavras dos autores do texto, para que não haja nenhuma dúvida quanto ao seu significado.
“A febre não é uma doença e sim um mecanismo fisiológico com efeitos benéficos no combate à infecção. A febre retarda o crescimento e reprodução de bactérias e viroses, estimula a produção de neutrófilos e proliferação de linfócitos T e ajuda na reação aguda do corpo. O nível de febre não está correlacionada sempre com gravidade da doença. Muitas febres são de curta duração, benignas, e podem realmente proteger o indivíduo. Dados mostram efeitos benéficos em certos componentes do sistema imune na febre, e alguns dados revelaram que a febre realmente ajuda o corpo a se recuperar mais rapidamente de infecções virais, mesmo que a febre possa resultar em desconforto na criança.
Efeitos benéficos em potencial da redução da febre incluem o alívio do desconforto do paciente e a redução da perda hídrica insensível, que pode diminuir a ocorrência de desidratação. Os riscos de diminuição da temperatura incluem um atraso na identificação do diagnóstico subjacente e o início do tratamento apropriado e toxicidade da droga. Não há evidências de que crianças com febre estejam em um risco maior de efeitos adversos como danos cerebrais. A febre é uma resposta fisiológica comum e normal que resulta em um aumento do “set point” hipotalâmico em resposta a pirogênios endógenos e exógenos.
O aconselhamento apropriado no manejo da febre começa por ajudar os pais a compreender que a febre, por si só, não aumenta o risco geral em uma criança saudável. Ao contrário, a febre pode realmente ser benéfica; dessa forma, a real meta da terapêutica antipirética não é simplesmente normalizar a temperatura corporal, mas melhorar o estado geral, o conforto e o bem-estar da criança.
Durante o aconselhamento da família no manejo de febre em uma criança, pediatras e outros cuidadores de saúde devem minimizar o medo de febre e enfatizar que o uso de antipiréticos não previne a convulsão febril.
Ao invés disso, os pediatras devem focar na monitoração de sinais e sintomas de doenças graves, na melhoria do conforto da criança pela manutenção da hidratação, e pela educação dos pais no uso, dosagem e estocagem segura dos antipiréticos.”
E ai? Medica-se ou não febre em crianças?
Essa é uma decisão que deve ficar a critério do pediatra que estiver acompanhando o caso, agirá embasado em seu conhecimento, nessas (nem tão) novas informações e em sua avaliação de momento.
Que fique bem claro que a medicação da febre não é uma obrigação e que ela não evitará a convulsão febril, complicação benigna, porém tão temida pelos pais.
A febre é apenas um indicativo de um processo em andamento e esse sim deve ser pesquisado, diagnosticado e tratado. Com a evolução e resolução desse quadro, a febre, juntamente com todos os outros sintomas, irá ceder.
Fonte: Clinical Report – Fever and Antipyretic Use in Children – Pediatrics – Official Journal of the American Academy of Pediatrics – volume 127 – nº 3 – março/2011 – pg 580-587.
Espero que tenham gostado =D