AUTOMEDICAÇÃO: O GRANDE PERIGO
Durante o acompanhamento do grupo do Facebook e do Blog, freqüentemente pessoas pedem indicações de medicamentos para tratar os mais variados problemas, sem terem passado em consulta com um médico. Sempre explicamos que nossa função é orientar os pais e portadores de deficiência de g6pd quanto às substâncias e medicamentos seguros para eles, mas que jamais poderemos fazer um diagnóstico ou indicar um medicamento, pois para que um médico possa fazer isso de forma adequada e segura para o paciente, é necessário que se faça um exame físico pessoalmente, e, em alguns casos, são necessários exames laboratoriais. É, inclusive, proibido realizar consultas on line ou por telefone segundo o Conselho Federal de Medicina, sendo o médico passível de punição.
Sabemos que há grande dificuldade de se conseguir consultas de urgência, principalmente em pequenas cidades ou regiões periféricas, mas para a segurança de todos, em caso de doenças, é fundamental que se procure um profissional médico para receber o diagnóstico e o tratamento mais adequado.
Hoje vou relatar um caso de automedicação que trouxe conseqüências horríveis. Adianto que a criança em questão não possuía a deficiência de g6pd, mas, mesmo assim, esse caso serve de alerta a todos do perigo de dar medicamentos sem indicação médica.
Uma criança apresentava quadro de tosse e queixou-se para a mãe de “falta de ar”. A mãe então resolveu fazer uma inalação com uma medicação, por conta própria.
Essa criança no dia seguinte dessa inalação, não estava se sentindo bem e reclamou para a mãe que estava com “o coração acelerado” e “falta de ar”, mas mesmo assim a mãe achou que não era nada grave e a mandou pra escola. Na escola, assim que chegou, a criança teve um desmaio. Prontamente os funcionários da escola a levaram a para o hospital mais próximo, e os pais foram chamados logo em seguida.
A criança teve um infarto do miocárdio, provocado pelo excesso de medicação, e FALECEU em poucos minutos.
Constatou-se depois que a mãe colocou uma dose mais de 10 VEZES acima do recomendado na inalação. A mãe referiu aos médicos no hospital que colocou uma dose de medicação bem acima da dose recomendada porque “sempre fazia isso e a criança já estava acostumada, pois nunca tinha acontecido nada de grave”.
Casos como esse, de excesso de medicações ou uso de medicações não adequadas para a doença em questão, infelizmente, são muito comuns. As pessoas acham que “uma tosse” é só simplesmente dar “um xarope” ou “uma inalação” e pronto. Elas estão erradas!
Uma “simples tosse” pode ser sintoma de um resfriado, de uma gripe (tem diferenças entre gripe e resfriado!), uma crise de bronquite/asma, uma laringite, uma pneumonia, uma tuberculose, uma doença do refluxo, uma sinusite aguda… e cada uma dessas doenças tem um tratamento diferente!
Por isso, não se arrisque e nem arrisque a vida de quem você mais ama!
Não dê medicações por conta própria! Não indique medicamentos!
Aquilo que serviu para a doença do seu filho pode não servir para o filho de outra pessoa, ou pior, pode fazer mal ou retardar o diagnóstico e tratamento corretos, colocando a vida de outros em perigo!
Sempre que seu filho tiver sinal de alguma doença, leve ao médico! E SEMPRE LEVE A LISTA DE SUBSTÂNCIAS RESTRITAS COM VOCÊ!
E, em caso de dúvida se o medicamento prescrito pelo médico é seguro para o seu filho com deficiência de g6pd, conte conosco!!
Escrito por Dra Renata Garcia